Zé dos Santos e "Meu Félo!"

A consagrada Rede Globo tem programas pra todos os gostos. A minha interação com aquele canal de tevê, bem definiria pelo nome de uma de suas novelas: “Morde e Assopra”. Elogios à parte, a emissora tem investido maciçamente em propaganda deles mesmos. Isso devidamente bem assimilado leva-nos a concluir que a emissora vem perdendo, audiência. Parece-nos que estão perdendo a supremacia de estarem sempre no topo. Sinais dos tempos.

Compararia àquele canal de televisão com a bolacha de Zé Lezin. O matuto paraibano, conta no seu último show, sobre uma bolacha chamada em alguns lugares de “Dez por Cento”, noutro de “Suja Casa”. Você mastiga, mastiga, mas só fica dez por cento na boca. Ali você assiste, assiste pra vê se escapa dez por cento.

A Rede Record, a ascendente emissora do bispo Edir Macedo: disputa com a emissora dos Marinhos o campeonato de melhor audiência, pra mim, esta de cá, já é campeã num item: O de criar clichês. Os famosos jargões, inclusive num esforço apelativo tentam resgatar.

Da escolinha do professor Raimundo: “E o salário, ó...”

Do Luciano Hulck: “Loucura! Loucura!...”

Do Faustão: “Ô louco meu...”

Isso fez-me lembrar da “fase de ouro” da Rádio Correio do Sertão. No final da década de setenta a emissora radiofônica da família Bulhões contava com um excelente elenco de radialistas. A exemplo de meu irmão Francisco Soares, Edilson Costa, saudosos: Welington Costa, Titio Guerrera e Adeison Dantas. Também dos atualíssimos (ainda na ativa) Fernando Valões, Rânio Costa e Francisco Coelho. Naquela época apareceu não se sabe de onde, um locutor cheio de Jargões e clichês: Luiz Carlos Mariano era o nome dele. Um locutor de peso, literalmente. Nos seus mais de 150 quilos, enchia de alegria as nossas manhãs. Entre uma música e outra cumprimentava o ouvinte com um irreverente: “Meu félo!”

O locutor de humor fácil, também facilmente fazia amizades. Com isso ganhou a confiança do povo, no comércio de Santana e região. Com a confiança adquirida comprou fiado em tudo que é canto. Em menos de dois meses de trabalho, conseguiu dever a duas pessoas: Deus e o mundo! Depois de dar calote em todos os supermercados da cidade, faltava só um: O mercadinho de Zé dos Santos. Chegou ali deu sua famosa cantada:

-Eu te deixo um cheque pré-datado! Meu félo!

No outro dia, cansado de tantas enroladas do locutor, saudoso Doutor Eraldo Bulhões o demitiu, e Luiz Carlos, foi embora. Zé dos Santos enquanto foi proprietário do mercadinho, exibiu num quadro o cheque de Luiz Carlos Mariano, do famoso “Meu félo!”

Fabio Campos

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